quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PERIPÉCIAS (1) DO PARKINSONIANO BERGAMO


Mesmo antes da Doença de Parkinson chegar, eu era e sou um
andarilho contumaz a com a chegada da DP
faço do andar um momento de paz,
de felicidade, de soberano de mim mesmo, vou caminhando
com prazer, sentindo cada passo,
cada árvore-folhagens-flores,do céu cinza-azul
de cada aroma que escapa pelas frestas das casas, hummm!
" Hoje ela caprichou na torta de maçã"
revela o aroma de maçã-açúcar-canela, em
outra casa, opa!! A dona de casa deixou a carne 
assada passar de assada para chamuscada!!
Na esquina seguinte o padeiro caprichou no creme
com baunilha, na casa seguinte o cachorro reclama,
clama para ser liberto da corrente que incomoda
no pescoço, a mãe grita com o menino que
mais uma vez ele chegará atrasado na escola e como
reforço ao grito ela lhe aplica um cascudo e com
isso ela lhe dá ensinamentos de dever - de
hierarquia, de obediência aos mais velhos.
Caminho sempre apoiado em uma bengala que além
de marcar o passo, garantir que eu não caia 
após uma topada, garantir que me cedam lugar
no ônibus, garante também que não seja rotulado
de embriagado-pau-d'água e outros nobres títulos,
mudando para: "ele é deficiente, é aleijado..."
E se estiver com óculos escuros "é cegueta".
Confesso que prefiro os nobres títulos!
Certo dia, após uma sessão de fisioterapia, voltando para casa
de ônibus superlotado (acho que superlotado é sinônimo de ônibus),
ao tentar descer, percebi que estava com as pernas  paralisadas,
em"freezing"- congelamento, pedi então ao fino
senhor motorista que me ajudasse a descer e ele   
delicadamente! "Sou motorista e não ganho para ser enfermeiro.
" Foi em frente com o ônibus do qual consegui
descer no ponto final.  E todo ponto final é um
caos: ambulantes, pedintes, barracas de frutas e inúmeros
pontos de ônibus em um dos quais eu me 
encontrava ainda sem poder andar pois a levodopa
que engolira, teimosamente não fazia efeito e eu zonzo,
agarrado a um poste chamava a atenção 
dos ambulantes e eles acionaram
 policiais que chegaram amáveis  " documentos, é pó ou pinga
" Expliquei, dei aula sobre DP, medicamentos e, 
após um telefonema ao chefe
cuja genitora tinha DP, fomos até o guichê da companhia
de ônibus que me trouxera até o ponto final, 
e em reunião com o fiscal da linha
obrigaram a companhia a me levar em casa; e assim  
lá fui: o motorista e seu único passageiro, 
eu, em um ônibus particular.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A HORA É AGORA E SEMPRE DE VISITAR

18/02/2012.
  O relógio marca 8,00 horas, indica também a temperatura de 28 graus, marca o caminho que faço para visitar "a amiga loira", estou no ônibus, chego em frente ao hospital, caminho passos firmes (nem tanto), apoiado na bengala, chego e reparo nos portões centenários, as árvores frondosas com enormes sombras convidativas, como também são enormes as perguntas que faço a mim mesmo antes de enfrentar a fila de obter a autorização pára visitar minha loira amiga GERTRUDES HARWN 46, parkinsoniana. Caminho através de alamedas preguiçosas, desertas, cheio de folhas amareladas pelo tempo, folhas verde dão o tom de verão, sigo a um corredor estreito e ainda consciente chego ao quarto 104 leito 23, procuro a minha amiga loira de sorriso aberto, estridente, gostoso, sempre contente e me encontro com meu inconsciente, vejo pés gordos a sair do lençol, cabelos loiros entremeados por fios brancos a emoldurar o lindo rosto da minha amiga loira. É ela? Onde está a loira? É ela...É ela...!
Em meio a sondas, cateteres, frascos de soro com sais e líquidos, ampola plástica com uma pasta marrom, seu café da manhã que desce direto por um orifício na garganta, vejo  a minha amiga loira  que me sorri silenciosamente, uma traqueostomia a impede de emitir sons. Afago seus cabelos, deslizo a mão pelo seu rosto lindo. Fico ao seu lado por vários minutos. Procuro a médica plantonista que me descreve o quadro atual:  durante um exame, ela teve um AVC, como ficou vários dias em coma sem se movimentar, ficou com pneumonia debelada por doses maciças de antibióticos; atualmente, desperta do coma, está evoluindo razoavelmente sem perspectiva de sair do leito. Digo a amiga loira que todos os colegas estão preocupados, aguardando seu retorno. Me  despeço com um afago em suas mãos, beijo sua testa, sua mão segura fortemente a minha mão e correm lagrimas que se juntam em união indescritível mas sentidas por nossos corações, e as lagrimas correm por nossos  dedos entrelaçados. 
Até "derepente” minha amiga loira.
.:.
Seguindo função do blog, apresento "Criah Movimento Pilates"
Giu & Cláudio
Veja mais

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A HORA É AGORA E SEMPRE


Ainda é cedo, disseram alguns e dirão outros, mas a hora é AGORA E SEMPRE para agradecer aqueles que estão de lado, por trás , à frente do Parkinson&SuperAções.
Minha esposa, capaz de gestos carinhosos e atitudes duras, ambos necessários ao ver um marido parkinsoniano querer se entregar ao marasmo, a mesmice, ela é insistente incentivadora de todos os meus atos, uma distribuidora de entusiasmo. 
Ao tossan, Amigo com A maiúsculo de: artista, autentico, atencioso, amável, autodidata, autoconfiança, aliado, afetuoso, A de amor na sua mais plena e ampla abrangência, responsável pelas, como sempre, magníficas fotos e montagem do blog.
Ao Cristian, Mad-William, Diego e Flavio Prudêncio - o  professor,todos do projeto Rema Verão da Prefeitura Municipal de São Vicente que se envolveram e doaram seus conhecimentos e ações para que um parkinsoniano conseguisse ficar de pé na prancha de um stand up, agradeço ao professor Flávio as palavras estimulantes, encorajadoras e a mão fraterna oferecida e recebida por mim com muito afeto e emoção simbolizando a ajuda que os portadores de deficiências recebem e devem receber de todos; reparem na foto do tossan o instante símbolo da ajuda, apoio carinhoso. Isso vale a pena!

Para minha esposa  
Feliz Aniversário!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Toda manhã...


Toda manhã, após mal dormidas horas de sono/insone, cambaleante procuro o fazedor de milagres um comprimido de Levodopa!
Toda manhã, após  mal dormidas horas de sono/insone após tomar com um gole d'água um comprimido de Levodopa eu aguardo, ansioso, incrédulo por quinze minutos, preenchidos por flexões, alongamentos, execícios de respiração orações a Jesus, aos meus santos protetores, começo a andar, a andar, a andar gente!! 
Um simples ato a qualquer ser, mas que para mim e milhões de parkinsonianos é um milagre é algo divino maravilhoso, estou andando, posso ir vir e não dependo de ninguém ou dependo?
Toda manhã, após mal dormidas horas de sono/insone, após tomar comprimido de Levodopa, após os primeiros passos,após minhas orações eu rezo e agradeço aos descobridores e estudiosos do Levodopa.
Em 1817, o Dr James Parkinson descreve uma doença que " causa tremores, andar vacilante e movimentos lentos".
Em 1913, o italiano Torquatto Torquatti, descobre nas favas de uma planta  (Vicia fava) uma nova substância, a Levodopa.
Em 1950, Arwild  Carlson demonstra que existe uma regressão dos sintomas da Doença descrita por Parkinson com administração da Levodopa, por seus trabalhos a respeito da nova droga, recebe o Premio Nobel de Medicina em 2000.

Em 1968, William Knowless, 
trabalha na produção de levodopa em laboratório, 
e por seus estudos recebe em 2001 Premio Nobel em Química.