quinta-feira, 29 de março de 2012

PERIPÉCIAS ESPARRAMADAS

Todo bom parkinsoniano, aquele que é completo, nota dez apresenta acinesia, rigidez, tremor, instabilidade postural e tem mais, bradicinesia, hipocinesia, eu não tenho ainda nota dez, mas estou dentre os melhores e tenho duas recentes apresentações "supimpas" frezzing (dificuldade em andar, fico imóvel que nem estatua) e resolvo com uma meia dose de levodopa, um banco na sombra de preferência e um copo d'água ofertado por uma alma caridosa. Apresento também acinesia paradoxal que ao contrário da acinesia súbita, parada de repente) a paradoxal nos entusiasmamos damos um salto, uma braçada, um gesto maior em aprontamos um salseiro, derrubamos latas, copos
e xícaras de café.
 Para um"normal"em cada 100 latas manuseadas, podem cair 20 e 80 permanecem em forma, no meu último placar 20 permanecem em forma e 80 estatisticamente derrubei,
um recorde triste. 
Na sexta feira dia 23/03, após uma excelente sessão de terapias com jogos no Grupo Lotus , foi servido um delicioso café, solicitei que servissem em xícara grande, fui atendido, me achei o rei da cocada preta, me entusiasmei, o parkinson fez com que meu braço fizesse um gesto maior incontrolável, sacudi uma lata de açúcar, foi pro espaço e ficou "nochão"o pior mandaram-me sentar quietinho na melhor cadeira, só respirando!!! 
No domingo bati o recorde em derrubada, tomava meu café matinal na varanda do meu apartamento, nono andar, curtia a visão da Ilha Porchat, praia e suas belas banhistas, enfim visão paradisíacas para um velho paulista com senso de humor, o cardápio era café com leite, suco, geleias, queijo, omelete com bacon, ai me ferrei pedi a minha maior fã das minhas derrubadas, a lata de farinha láctea, queria saborear frutas com a dita cuja. Para  uma perfeita apresentação, sacudi a lata com as duas mãos ai aconteceu o gesto maior, o voo da lata pela minha varanda do nono andar passando pelo, 8 7 6 5 4 3 2 1 e térreo finalmente com um belo jardim (era) com flores mimosas multicoloridas. Aconteceu uma enxurrada de telefonemas para o sindico: estava chovendo farinha amarela, fui ajudar a limpar os oito apartamentos,  a senhora do 7o andar acabara de lavar a varanda com água e a farinha láctea vira um grude homérico, ela ia da varanda para a sala, consegui com seus pezinhos que marcavam o piso com formações artísticas, dedinhos, sola e calcanhar por toda a sala, cozinha, lavanderia e quase sofri um linchamento faltou pouco as para as duas mulheres, claro, uma delas era a minha esposa. Estava lá e sacramentou no ato: Não falarei com você por três meses, é pouco pelo estrago!!! 
Ah lembrei, as flores coloridas do jardim, com o orvalho da manhã, ficaram multi gomadas de amarelo farinha. 
"Tava lindio!!!"

sábado, 24 de março de 2012

PERIPÉCIAS 3 "PEDINTE" INVOLUNTÁRIO

Dividir é saber amar, é dar duas vezes, é dar óbolo, esmola, dizimo, é pagar graça,agradecer por milagre recebido, expiar culpa! 
Foi filosofando, filosofo formado pela escola do inesperado, pós graduado em ser surpreendido mestrado em não ofender, todo este blá blá para justificar: eu recebi óbolos? Graças à dopamina, eu algumas vezes me meto a besta em ser escultor (por incrível que pareça, consegui), e estou na fase final de esculpir a cara de um bulldog bonachão que várias ocasiões dava uma babada na Nina Maria, ele tinha um nome ariano, Otto Henrique. 


Homenagem a Otto  in memorian (clique no link)  

Esta escultura é em pedra sabão que ao ser trabalhada produz um pó fino que polui, suja o ambiente.
Como não quero perder a amizade e outras benesses da minha querida esposa, eu transporto para uma praça em frente à minha casa. 
Esta praça além de ter muitos bancos, muitos turistas, muitas árvores, coqueiros, palmeiras (corintianos também), que proporcionam magníficas e convidativas sombras abrigadas e sentadas, esculpia, lixava, desbastava estava esculpindo. Minha companheira bengala fazia par com meu boné depositado no banco. 
Quando eu me torno um arteiro (artista, mas nem tanto) fico extasiado e absorto, percebi a chegada de um bando de coreanos falantes começaram a me fotografar, meu inglês é macarrônico mas o deles é pior; expliquei que tinha doença de parkinson e estava fazendo terapia, retornei a esculpir e eles falando, fotografando eu absorto e de repente escuto um tilintar de arruelas batendo com arruelas, eu absorto, olhei desolado vi que eram moedas e um papel cédula voava em direção do meu boné e eu absorto? Que nada, fiquei em estado de "que eu faço e FIZ, filosofei, agradeci e para não ofende-los aceitei! Quando eles se foram, contei 26 dólares bem-vindos. Que fazer? O que vocês fariam? 

Informo que ensino filosofar e a esculpir! 

segunda-feira, 12 de março de 2012

PERIPÉCIAS (2) DO PARKINSONIANO BERGAMO

Estava feliz desfrutando da praia "só" minha, as 7 horas de um dia que prometia seria quente (e como foi), minha cachorrinha TL- tomba lata Nina Maria me acompanhava meu caminhar rente a água e como toda lady que se preza detesta a mistura água/areia, queria colo, zeloso voltei a me abrigar no guarda-sol e sentado meditava curtindo a paz que cada passo me proporcionava, queria caminhar mais desfrutando da liberdade de poder ir e vir mas sabendo que todo caminho é paciente sempre estará esperando por teus passo e ele sabe que você voltará e isto é estimulante. O sol amarelo brilhante já se fazia presente fez meu coração bater de saudades das minhas filhas e lá fui a procura de um orelhão junto com a Nina Maria que insistia a querer colo e como todo orelhão que se preza estava cheio de adesivos oferecendo sexo, dinheiro sem fiador, empregos, adesivos que cobriam a maneira de efetuar chamada a cobrar pois o meu pré-pago, adivinhem, estava sem credito! Para tentar ler as instruções me contorcia combinando com movimentos discenéticos horríveis e a Nina Maria querendo colo, estava um espetáculo digno de Circo e isto chamou a atenção de dois policiais em suas motos e justo no momento em conseguira ligar para minha filha - os policiais delicados na suas truculências: "documentos, passa para cá o telefone", atordoado um pouco mais do que sempre estou, balbuciei palavras desconexas e eles "esta drogado, tá falando com o fornecedor, alo quem esta na linha "minha filha tentando um dialogo "estava falando com meu pai, ele tem parkinson, ele tomo medicamentos", um policial manda outro procurar a droga e encontram minha caixinha de medicamentos que tinha também uma bula de Levodopa e lendo a bula " esta droga é nova, ela se transforma em dopamina, é um dopante, nos acompanhem" e lá fui eu acompanhado pelos dois policiais e sua motos pelas ruas do bairro, passeio interrompido pelos meus vizinhos que os obrigaram a ligar para a delegacia e alguém esclarecido explicou que os movimentos eram próprios da doença e eles se foram debaixo de vaias e protestos dos meus amigos, mas foram embora com dois conhecimentos a mais, sobre parkinson e atuação consciente.

terça-feira, 6 de março de 2012

TRIBUTO A MULHER E TRIBUTO A MARYLANDES

Eu que sou carente e dependente de cinco mulheres: 
a esposa, que tem tantas riquezas escondidas, beleza, bondade 
que eu preciso saber descobrir e ela também, as quatros filhas, 
a primeira virifica minha alma com suas contemplações e por suas realizações; 
a segunda com sua bondade enternecedora e por suas realizações; 
a terceira que expressa ternura sem dizer e por suas realizações; 
a quarta com seus gestos, palavras livres bem colocadas e por suas realizações.

Tive e tenho admiração por dezenas de mulheres: 
a Romilda, a parteira que usava um chapéu enorme 
todo branco e esvoaçante na moto pilotada 
por meu pai todo preocupado e orgulhoso; 
admiração por minha ex-mulher pela amizade e ensinamentos; 
por minha amiga, nora que cuida da sogra 
parkinsoniana, com muita sabedoria e amor.

Tenho forte e entusiasmada admiração por MARYLANDES que soube e sabe dar vida, agregar valores, educar, congregar, aprender, ensinar, integrar, orientar, readaptar, divulgar, pensar, planejar, administrar, ela é criadora da Associação Brasil Parkinson um sonho da Marylandes, que tão bem copiado por Márcia e por outras em todo Brasil, que tirou e tiram do ostracismo milhares de doentes do mal de Parkinson e forma cuidadoras, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, musicistas, artistas, psicólogas, terapeutas, enfim, uma plêiade de mulheres voltadas para um bem comum: 
Dar nova vida aos parkinsonianos. OBRIGADO!

Minha Mãe, Olivia, que soube como uma doutora com pós-graduação, educar para a vida, seus quatro filhos, minha gratidão, Mamãe.

Nina, minha cachorrinha, outra de quem dependo